08/09/2023

A primeira edição da Baluarte – Exposição de Arte Urbana faz do Monte Pedral a maior galeria a céu aberto com obras pensadas para estruturas de grandes dimensões, circuitos inusitados e sonhos do tamanho de uma parede de um grande quartel. De 16 de setembro a 1 e outubro – e em exclusivo ao fim de semana – haverá ainda programas para toda a família, conferências e muita música para celebrar uma arte que, sendo urbana, é de todos.

 

Sempre vista como arte marginal, fora da lei, transgressiva e ofensiva, a chamada “arte urbana” sempre foi usada para demarcar território e passar, de forma direta e gratuita, uma mensagem forte, de caráter social, política, cultural. Começou com um manifesto nas minorias com menos poder de expressão, minorias que tinham pouca voz e pouca liberdade de mostrarem o sem descontentamento, em cidades com forte poder económico e com ambivalentes desafios pela frente.

 

O universo da chamada “arte urbana” encontrou, de há uns anos a esta parte, o seu espaço na cidade. Deixou o odor da transgressão para passar a ser um elemento que comunica com o local onde se instala, criando uma simbiose perfeita entre quem a vê, quem se surpreende e quem a constrói como elemento diferenciador numa cidade em constante mutação.

 

Não deixou, no entanto, de focar o seu trabalho na tomada de atenção sobre algo em falta, uma resposta a uma necessidade sentida na cidade, uma forma quezilenta e mesquinha de atacar o outro. A chamada arte urbana ganhou espaço nas paredes, passou para os grandes espaços e é, hoje, motivos para grandes exposições em galerias de todo o mundo.

 

Esta transformação deve-se a todo o trabalho desenvolvido em prol na desmistificação de um conceito negativo inerente à arte de rua e uma forma diferente do público entender também a amplitude desta arte, que pode ir do stencil à ilustração, da colagem à pintura.

 

 

Após um conjunto de iniciativas desenvolvido, nos últimos anos, em vários locais da cidade, contribuindo para um verdadeiro Programa de Arte Urbana da Cidade do Porto, com obras a serem apreciadas livremente em várias superfícies e locais, com o devido investimento da Câmara Municipal do Porto, está agora na hora de se afirmar um grande festival que decorrerá durante três fins-de-semana de setembro e outubro.

 

Como uma espécie de baluarte de pedra, onde se é protegido e apresentada a mais recente obra criativa dentro desta área cultural, neste projeto, que decorrerá durante três fins de semana no Quartel do Monte Pedral e que junta, num único espaço, diferentes abordagens e visões, haverá oportunidade para acompanhar e visitar os novos trabalhos criados pelos artistas Dub, Mariana PTKS, Costah, MURA, Rafi die Erste, Rasoal, Tomás Facio, Inês Arisca, Oaktree, Hazul, MrKas, MynameisnotSEM. Godmess e Mr Dheo.

 

Durante os três fins de semana haverá workhops e oficinas, DJ Set’s e conferências, para além de muitas demonstrações de uma realidade que é cada vez mais presente na nossa cidade. Com curadoria do programa de Arte Urbana e do artista Hazul, este projeto promete revolucionar a forma como encaramos e vemos a arte em grande escala.

 

O programa será revelado, na íntegra, na próxima segunda-feira, mas desde já se pode dizer que a entrada é livre em todas as atividades.

 

Texto: José Reis

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