11/02/2021

Entre os conteúdos da nova página do Museu da Cidade, lançada no passado dia 3 de fevereiro, destaca-se um "sítio invisível", uma cortina negra que ocupa o ecrã para convidar o visitante a fechar os olhos e a tornar-se ouvinte: está no ar a Rádio Estação.


A emissora, cuja primeira experiência se desenvolveu na Feira do Livro do Porto de 2020, ocupa agora morada fixa na Internet. O projeto assume-se como anti-rádio, sem locução, com rubricas que pretendem alcançar públicos e interesses muito distintos, interligados pelo "Pólen", uma paisagem sonora das estações do museu.


Desde a passada semana que a Estação se está a expandir, convidando o ouvinte a percorrer a cidade, agora quase vazia, através da escuta.

 

É, assim, através da rádio, que um dos principais objetivos do Museu da Cidade se consubstancia: o desenvolvimento de um eixo sonoro, um ponto de emissão que parte das estações e irradia o espaço entre elas. A missão ganha uma força acrescida nos tempos que vivemos.

 

O projeto radiofónico pretende no futuro desenvolver emissões especiais e presenciais, em incursão nómada, à semelhança do que decorreu na Feira do Livro do Porto. A primeira estadia será, se o contexto sanitário o permitir, já esta primavera, na Biblioteca do Marquês.


 

RUBRICA EM ESTREIA E NOVA PÁGINA NO INSTAGRAM

 

Começou esta quinta-feira a rubrica "Arca", uma colaboração com a estrutura musical portuense Matéria Prima. Ao longo do dia, três notas interrompem a emissão da Rádio Estação para abrir uma arca voadora que percorre as latitudes criativas locais e desafia todos os silêncios.


São emitidos concertos inéditos esquecidos ou desconhecidos, um arquivo de tesouros, de fundo perdido, para o ouvinte descobrir diariamente e sem hora marcada. A Matéria Prima incorre, assim, em missões de reconhecimento que captam o pulsar e a efervescência criativa da cidade, transmitindo uma afinada seleção.

 

Ao mesmo tempo, a Rádio Estação abriu também no Instagram uma página dedicada ao seu "sítio invisível", em paralelo às redes do Museu da Cidade (Facebook, Instagram, Soundcloud ou Vimeo).



A GRELHA DA RÁDIO-EM-CONSTRUÇÃO


Além dos destaques, damos a conhecer os conteúdos que já estão no ar, nesta emissora ainda em expansão:

 

"Pólen" — sonda sonora da cidade

Durante toda a emissão, com interrupções para as várias rubricas

Sonoridades compostas a partir de gravações de campo, captadas no entorno das estações do Museu da Cidade e transformadas por Samuel e Nuno Preto.

 

"Diário da Peste" — de Gonçalo M. Tavares, escritor em residência

Todos os dias às 12h00 (repetição às 22h00)

Leituras de um diário escrito ao ritmo em que a epidemia se espalha pelo mundo, isto é, ao ritmo de um isolamento, que é de todos.

 

"Relatório Periódico" — incidências arquivísticas na Fonoteca Municipal do Porto

Segundas, às 23h00 (repetição às quintas, pelas 16h00)

Uma seleção musical que acompanha a catalogação do arquivo sonoro da cidade em vinil. Uma relação material com o disco, eco de um processo em curso — o tempo de pôr a agulha, ouvir, tirar a agulha, virar o disco, guardar. Comentado por Armando Sousa, responsável pela programação e arquivo da fonoteca.


"Colapso" — de Tomás Cunha Ferreira e Domenico Lancellotti

Sextas, às 23h00 (repetição às segundas, pelas 16h00)

Colagem ou colisão de elementos sonoros que despoletam imagens ou que, pelo inverso, partem de imagens para depois as implodir.


"Estação Sonoplasmática" — de Ruca Bourbon

Sábados, às 23h00 (repetição às terças, às 16h00)

Devaneios sonoros vindos do apocalipse invasor de campos eletromagnéticos modernos. Com meios de transmissão contemporâneos e antigos, analógicos e digitais, mostram-se raridades do futuro, arquivos perdidos do passado, apropriações ilícitas, desconstrução de discursos, instrumentos musicais experimentais, áudio-colagens, versões obscuras, técnicas de desorientação, plunderphonics, cut up, mensagens subliminares…

 

"Inventário" — de Luís Aguiar Branco

Domingos, às 16h00 (repetição às quartas, pelas 10h00)

Deambulações pela alma da cidade, com um inventário oral de ruas e edifícios. As primeiras paragem são as praças, tradicionais lugares de encontro, agora vazias, em pleno confinamento.


"Jardins Noturnos" — de Pedro Augusto

Todos os dias, às 01h00

Música autogenerativa a fechar a emissão.

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