29/11/2022

Arranca nesta quinta-feira a oitava edição do Festival Internacional de Cinema Queer do Porto. Quatro dias para mergulhar na estética e temáticas das diferenças de género, em sessões que decorrem no Teatro Rivoli, na Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto, no Teatro Helena Sá e Costa e nos Maus Hábitos. Desafiamos João Ferreira, diretor do festival, para um “manual de sobrevivência” para este festival: quatro filmes (ímperdíveis) para quatro dias (obrigatórios). Estas são as escolhas.

 

 

“La fin de Wonderland”, de Laurence Turcotte-Fraser

Quinta-feira, 1 de dezembro / 19h00

Rivoli

 

Documentário canadiano assinado por Laurence Turcotte-Fraser, é uma viagem imersiva no particular e inusitado universo de Tara Emory, uma trabalhadora do sexo que foi pioneira do porno trans online no início do século. Num manifesto sobre liberdade, mas também sobre saúde mental, o documentário revela-nos o universo de uma artista de múltiplos interesses e disciplinas, explora a sua luta familiar com um historial de acumuladora, levando-nos ao cerne de um universo criativo ao qual Tara se agarra como um bote de salvação.

 


“A Cidade dos Abismos”, de Priscyla Bettim e Renato Coelho

Sexta-feira, 2 de dezembro / 19h00

Rivoli

 

Quando se ouve “viver é uma queda horizontal” na ficção brasileira “A Cidade dos Abismos”, de Priscyla Bettim e Renato Coelho, é também de uma espiral de morte que falamos. Num bar do Centro de São Paulo, na véspera de Natal, encontramos Glória, Maya, Bia e Kakule, quatro de entre várias trabalhadoras do sexo trans que ali terminam ou partem para a noite. O abismo é aquele da cidade onde nada sabemos uns dos outros. Da morte, da perda, das vidas solitárias e anónimas, de um perpétuo e estrutural sentimento de injustiça.


 

“La Dernière Séance”, de Gianluca Matarrese

Sábado, 3 de dezembro / 19h00

Rivoli

 

Em “La dernière séance”, o realizador italiano Gianluca Matarrese torna-se ele mesmo objeto do documentário através do seu envolvimento com o protagonista, um homem francês prestes a reformar-se. Bernard tem 63 anos e é o mestre de Gianluca, seu escravo. O realizador acompanha a mudança para a sua derradeira casa e entre caixas e memórias, recordam a vida de Bernard, entre famílias de acolhimento e pulsão sexual, no que é sobretudo uma história de sobrevivência que abre agora um novo capítulo.


 

“Nelly & Nadine”, de Magnus Gertten

Domingo, 4 de dezembro / 19h00

Rivoli

 

Vencedor do Teddy Award da última edição da Berlinale, “Nelly & Nadine”, de Magnus Gertten, é a história de amor entre duas mulheres que se conhecem no campo de concentração de Ravensbrück numa véspera de Natal. Perdem o contacto durante alguns meses, mas acabam por conseguir reencontrar-se logo a seguir à Guerra, passando o resto da vida juntas. Num trabalho fundamental de perpetuação da memória, além de uma rara história de amor que resiste ao século, é um hino à cultura queer, a um amor que parece tudo esmagar, um desafio a um destino que parecia prescrito.


Programação completa disponível em www.queerlisboa.pt.


Seleção: João Ferreira, diretor do Queer Porto

Edição: José Reis

Fotos: Queer Porto 8

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