A primeira parte do ciclo Seleção Nacional — o programa do Batalha Centro de Cinema dedicado ao património fílmico português — termina em julho. Até lá, a “Constelação #5: Vai e dá-lhes trabalho…” convida a uma revisitação das “comédias lusitanas”.
A 29 de maio é exibido “Recordações da Casa Amarela”, de João César Monteiro, com apresentação de Richard Peña (investigador e programador).
Munido de várias referências, da literatura (Junqueiro, Céline) à música (Quim Barreiros, Schubert, Mozart, Vivaldi, Wagner), passando pelo próprio cinema (Murnau, Wiene, Stroheim, e o próprio Monteiro), o cineasta olha impiedosamente para o passado, presente e futuro de Portugal, vaticinando um fado que é tudo menos épico ou glorioso.
Dos resquícios do salazarismo aos vícios privados do cavaquismo, “Recordações da Casa Amarela” faz-nos olhar com um misto de horror e compaixão para aqueles fantasmas.
A sessão seguinte, a 12 de junho, é composta pela curta de animação “Guisado de Galinha”, de Joana Toste, que, com recurso ao humor e ao fado, desmonta as falsas máximas que fazem parte da herança nacionalista do país; e “Tráfico”, de João Botelho. Com ressonâncias evidentes do teatro vicentino e da prosa queirosiana, o filme parte da família tradicional para compor um divertido e complexo puzzle representativo da sociedade portuguesa na ressaca da sua integração europeia.
A 26 de junho, a sessão Pequenas Histórias recorda o movimento das Gerações Curtas com obras de Jacinto Lucas Pires, Margarida Cardoso, Pedro Caldas e Inês de Medeiros.
A primeira parte do ciclo — com curadoria de Daniel Ribas e Paulo Cunha — termina a 3 de julho com o humor distorcido e delirante de “A Brief History Of Princess X”, de Gabriel Abrantes, e “Crónica dos Bons Malandros”, de Fernando Lopes — que através da comédia e do musical conta a história de uma quadrilha que pretende assaltar a Fundação Gulbenkian para de lá roubar umas pedras preciosas.
O programa Seleção Nacional será retomado em janeiro do próximo ano com uma nova curadoria. Desde janeiro de 2022, o ciclo contou com quase 1890 espectadores em 32 sessões de cinema.