23/08/2023

Já são conhecidas as pessoas premiadas na terceira edição do Prémio Paulo Cunha e Silva, assim como as instituições onde irão desenvolver as suas residências artísticas: Marilú Mapengo Námoda irá para o Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, nos Açores; Luis M. S. Santos para o Cove Park, na Escócia; e Kent Chan para a Pivô Arte e Pesquisa, no Brasil.

 

A seleção foi levada a cabo pelo júri constituído por Marie Hélène Pereira, Ciara Phillips e Letícia Ramos e teve como base as obras apresentadas na exposição que ainda decorre na Galeria Municipal do Porto, a par da análise do percurso global destes artistas e do conhecimento das características de cada um destes três locais de residência.

 

Natural de Moçambique, Marilú Mapengo Námoda é artista e ativista. Na sua investigação, questiona a possibilidade do amor como ferramenta política de cura para a ferida colonial, nas suas múltiplas expressões: do racismo, ao machismo, passando pelo classismo, entre outras.

 

 

Tendo como base o programa de residências do Arquipélago que “coloca uma forte ênfase na necessidade das sociedades contemporâneas estarem em permanente reflexão, dadas as constantes mudanças que as pessoas enfrentam ao nível político, geopolítico, económico, financeiro, social, cultural e tecnológico, o júri acredita que o “encontro com a artista Marilú Mapengo Námoda contribuirá para a construção de reflexões críticas sobre o papel dos artistas e dos praticantes de arte na transformação da sociedade”.
 

Também natural de Moçambique, Luis M. S. Santos é artista escultor, concebendo as suas peças como entidades vivas, habitantes de lugares naturais e inóspitos, longe da sociedade. O contexto social e cultural tem servido como base para pensar a desarmonia entre humano e natureza, materializado através de formas, texturas, cores e matérias contrastantes, enriquecidas por jogos de ritmo, quebra e fluidez.

 

Sobre a atribuição de uma residência no Cove Park ao artista, as juradas consideram que, atendendo aos benefícios de estar “rodeado por uma comunidade de colegas praticantes”, assim como às oportunidades de contacto com a dinâmica cena artística da cidade de Glasgow”, esta experiência poderá “abrir oportunidades para que o trabalho de Santos seja visto em novos contextos”.

 

 

Kent Chan é natural de Singapura. Artista, curador e cineasta, a sua prática gira em torno dos encontros com a arte, a ficção e o cinema, formando uma triarquia de práticas porosas na forma, no conteúdo e no contexto. Interessa-se particularmente pelo imaginário tropical, pelas relações passadas e futuras entre calor e arte e pela contestação dos legados da modernidade como epistemologia, por excelência.

 

No Pivô, as juradas creem que o artista irá integrar a “diversidade de conhecimentos sobre a paisagem urbana tropical”, fazendo-se valer das partilhas com com artistas residentes de diferentes partes, contextos e referências do Brasil.

 

Os três artistas premiados foram selecionados de um total de nove pessoas que integram a exposição da edição deste ano do Prémio Paulo Cunha e Silva, cuja nomeação esteve a cargo de três figuras com um percurso reconhecido na Arte Contemporânea: Euridice Zaituna Kala, Márilu Mapengo Námoda, Luis M. S. Santos, cuja nomeação foi feita pela artista Ângela Ferreira; Rouzbeh Akhbari, Kent Chan, Hira Nabi, nomeados pelo diretor da Jan van Eyck Academie, Hicham Khalidi; Maren Karlson, Malik Nashad Sharpe (Marikiscrycrycry) e Eve Stainton, com nomeação da responsabilidade da programadora cultural Tabitha Thorlu-Bangura.

 

A exposição do Prémio Paulo Cunha e Silva pode ser visitada até 27 de agosto na Galeria Municipal do Porto, contando com um horário especial durante o primeiro fim de semana da Feira do Livro do Porto. No dia 26, às 16h00, decorrerá ainda a última visita guiada à exposição, que terá como foco as obras dos artistas vencedores.

 

Toda a informação pode ser encontrada em www.galeriamunicipaldoporto.pt.

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