Celebrando a ligação existente entre as duas cidades, o artista criou uma intervenção que valoriza a ligação das duas cidades, através dos seus rios e atividades portuárias. O projeto resulta de um convite efetuado ao Programa de Arte Urbana do Porto.
Distantes geograficamente, mas mais perto do que se consiga imaginar. As cidades do Porto e de Bordéus, em França, têm, há muito, uma relação histórica e cultural, que se encontra nos rios que banham as duas cidades e as atividades portuárias que foram (e, nalguns casos, ainda são) uma alavanca económica para o desenvolvimento destes territórios, com o vinho como elemento identitário destes dois locais.
A pensar nos laços existentes, e de forma a marcar simbolicamente esta união, o Consulado-Geral de Portugal em Bordéus desafiou o Município do Porto, através do seu Programa de Arte Urbana, a intervir num dos espaços do porto autónomo da cidade, mais precisamente o Hangar 36, situado nos Bassins à Flot.
Perante este desafio, a escolha artística recaiu em Godmess (Tiago Carvalho), que, a partir deste convite, decidiu transformar um espaço cinzento e sem vida numa verdadeira ode às duas cidades, cruzando elementos comuns às suas atividades.
Assim, neste renovado espaço, é possível encontrar várias referências comuns, como é o caso da âncora e dos barcos, criando ainda mais esta leitura concertada. Tudo isto, claro, com as cores e as formas que caracterizam a a arte e os trabalhos de Godmess, numa paleta de cores diversificada e que renovaram totalmente aquele espaço.
Para o artista, “receber nas mãos um projeto desta natureza mais que um desafio ou responsabilidade, é a honra que se sente em representar a nossa cidade, os portuenses, cultura e identidade tão característica que nos define”, admite.
A pintura mural criada no Porto de Bordéus funciona, assim, um paralelismo simbólico entre as duas cidades, estreitando os laços que outras iniciativas já encetaram anteriormente.
“O mural acompanha, numa linha orientadora, o rio e o mar, que foram alavancas muito fortes do desenvolvimento das duas cidades. Nesse percurso vão surgindo elementos como o vinho do Porto e de Bordeaux, que são produtos de referência mundial e que caracterizam as duas cidades”, evidencia Godmess.
“Conceptualmente, e para unificar ainda mais essa linguagem comum, foram utilizadas duas cores ao longo da obra, que têm o nome das duas cidades: o azul característico do Porto, e o vermelho bordeaux, que é um bordô, e que associamos àquela cidade”, resume o artista.
Este projeto, já finalizado e que pode ser apreciado neste espaço singular, foi um convite do Consulado-Geral de Portugal em Bordéus à Câmara Municipal do Porto e contou com o apoio do Porto de Bordéus, da associação Les Vivres de l’Art e da empresa Carmo Wood.
Texto: José Reis
Fotos: Diogo Silva / DS Motion Frames