21/06/2024

A ceramista do Lagrima Studio é, mais uma vez, a responsável pela assinatura dos troféus das Rusgas. A partir de uma das imagens mais características das festas, o manjerico, criou uma explosão de cor onde o São João está bem representado. Na noite deste sábado, os grupos participantes prometem sair mais felizes da atuação, com uma peça única… para mais tarde recordar.

 

Quando, neste ano, lhe deixaram o convite para assinar, novamente, o troféu que marca a participação de todas as freguesias nas Rusgas de São João, Maria Joana viajou um ano atrás, para as bancadas localizadas em plena Praça do General Humberto Delgado onde, numa tarde quente de julho, assistiu a uma das maiores tradições da cidade. “Gostei muito de estar presente, de ter sido convidada e perceber que todos se identificaram com a peça que desenvolvi”, revela.

 

O desafio poderia ser assustador: da abstração que é a arte e numa visão muito pessoal do que é o seu São João, construiu uma estrutura que prestava homenagem às cores da cidade, através de um conjunto de azulejos de diferentes cores e com vários motivos. “Cada um fez a sua leitura pessoal daquilo que construí, mas foi um feedback altamente positivo”, relembra.

 

 

Um ano depois, Maria Joana estará novamente nessa mesma bancada, orgulhosa pelo novo convite e pelo trabalho desenvolvido. Mas com um projeto totalmente diferente.

 

“Este ano optei por uma abordagem diferente, numa homenagem ao manjerico. Tem uma simbologia interessante, e a ideia foi criar uma peça tridimensional, como se fosse mesmo um troféu”, revela a ceramista, no seu atelier, por entre trabalhos ainda por acabar e uma desordem organizada de cores e formas.

 

A partir da ideia de um totem, que tem o elemento principal no cimo, como se de um altar sagrado sem tratasse, criou uma visão muito própria de um possível São João. “Diferente para cada um, mas único na sua multiplicidade”. Tal como os troféus, iguais na sua forma, diferentes no cruzamento de cores e na forma como transmite essa interseção.

 

 

“Os únicos elementos comuns são o marmoreado da base, que é uma característica do meu trabalho, e que também expressa bem o que é a cidade, e a representação do manjerico, que é igual em todos eles”, resume.

 

O material usado, como habitualmente, foi a faiança, que está habituada a moldar, “e há ainda um vidrado transparente para tornar mais vibrante a imagem principal”.

 

 

Para este trabalho, a ceramista levou dois meses a terminar as propostas, pois o perfecionismo não permite que se possa demitir das responsabilidades de entregar algo que, tendo a sua alma, não esteja o mais completo possível. “É verdade que tem muitos elementos, a execução não foi fácil, é como se tivesse que existir um encaixe perfeito, mas tudo acabou por resultar bem”, orgulha-se.

 

Quando nesta noite de sábado estiver nas bancadas e admirar o brilho nos olhos dos elementos dos grupos que vão participar, Joana saberá que o trabalho feito foi, afinal, bem feito. Parecendo que não, também ela é parte de uma tradição que veio para ficar. Mesmo que se vá modernizando nas propostas abordadas, as raízes da cidade estão ali, na praça que dança com quem passa, nos sorrisos de quem carrega o Porto na voz. Que, tal como ela, vivem esta época com uma alegria sem igual.  

 

Texto: José Reis

Fotos: Sara Santos

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