21/09/2021

“Mal – Embriaguez Divina” sobe (finalmente) ao palco do Teatro Rivoli, depois das medidas de contingência à pandemia terem levado ao adiamento da apresentação, há quase um ano. O espetáculo de dança é apresentado nos dias 30 de setembro e 1 de outubro, no Grande Auditório. Prontos para encarar o mal de frente, sem medo?


A última criação de Marlene Monteiro Freitas tem uma premissa que tanto é clara como obscura: o que é o mal, quais as suas formas e como se pode ele revelar (até nas situações mais variadas do dia-a-dia)?



Dedicada a este tema, procurando respostas (ou, simplesmente, deixar questões), a coreógrafa “convoca” nove bailarinos para, em palco, ajudarem a que o mal se possa disseminar nas suas diferentes modalidades.


Para explorar as várias formas do mal, o grupo afunda-se num mar de papel e transforma-se num coro posicionado numa tribuna.


 

George Bataille como referência

São nove bailarinos que enfrentam a inquietação, o desconforto, a dor, o sofrimento, a agonia, a mágoa, o tormento, o vazio, o horror e o maléfico. Todos eles com rostos múltiplos, dando voz a alucinações que revelam o fascínio humano pelo mal. Em estado de embriaguez, como algo divino, um “êxtase dionisíaco”, nas palavras da coreógrafa.


“O mal assume várias formas. Surge como força determinante num elevado número de histórias, e o teatro é há muito um contexto onde é revelado e exposto. Para alguns, a experiência do abismo do mal é um pré-requisito para a arte”, revela o texto que acompanha o espetáculo e que acompanha este ensaio ao mal como elemento libertador (quiçá, purificador).



Fica assim reforçada a tese de George Bataille, que admitia que “a arte e o mal seriam forças próximas” e que ambas se “opõem a um mundo lícito de cálculo racional”.



Os bilhetes, à venda, podem ser adquiridos nas Bilheteiras do Teatro Municipal do Porto e em http://tmp.bol.pt.

 

Quem é Marlene Monteiro Freitas?

Marlene Monteiro Freitas nasceu em Cabo Verde, onde cofundou o grupo de dança Compass.


Criou as peças “Bacantes – Prelúdio para uma Purga” (2017), “Jaguar”, em colaboração de Andreas Merk (2015), “de marfim e carne - as estátuas também sofrem” (2014), “Paraíso - colecção privada” (2012-13), “(M)imosa”, com Trajal Harrell, François Chaignaud e Cecilia Bengolea (2011), o solo “Guintche” (2010), “A Seriedade do Animal” (2009-10), “A Improbabilidade da Certeza” (2006), “Larvar” (2006) e “Primeira Impressão” (2005).


Estas peças têm como denominador comum a abertura, a impureza e a intensidade. Em 2018, a Bienal de Veneza atribuiu a Marlene o Leão de Prata na categoria de Dança. É cofundadora da P.OR.K, estrutura de produção sediada em Lisboa.



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