21/05/2022

A Porto Super Special Stage chegou neste sábado à Foz do Douro e foram muitos os que não quiseram deixar de marcar presença no recinto. A pares, em grupo, de simples curiosos a seguidores da modalidade, a festa do Rally de Portugal voltou a contar com a euforia coletiva das bancadas.  

 

Não conhecem as marcas, muito menos os pilotos. Não sabem quem está em primeiro na classificação, quem luta por um lugar melhor, quantos pontos e provas somam. Nuno Carvalho e Joana Dias vieram simplesmente pela “experiência”.  


“E porque não?”. Joana aceitou o convite. “Lá está, pela experiência”, sorri. E lá estavam eles, nas bancadas, à espera de ver passar as “estrelas” da tarde. “Olhe, viemos mais cedo e aproveitamos para almoçar”, assume Nuno, de 46 anos. Como se este almoço, com um cenário de praia ali ao lado, fizesse parte do pacote desta “experiência”.  


Sentados lado a lado, olham o programa entregue à entrada. Aguardam a primeira corrida da tarde. Reconhecem que o "desconto oferecido pelo cartão Porto." os ajudou a decidir pela “experiência”, apesar do céu carregado, a ameaçar chuva. “Assim que chover vamos embora”. Choveu. Mas pouco.



Nuno e Joana são apenas dois dos milhares de espectadores que quiseram participar nesta renovada “experiência”. A Foz do Douro voltou a ser o palco escolhido da Porto Super Special Stage, a super especial do Rally de Portugal que já faz parte do calendário anual da modalidade. Depois da realização da prova sem espectadores, fruto das medidas de contingência aplicadas nos últimos dois anos como forma de combate à pandemia de Covid-19, o público voltou a ocupar as bancadas. Eufórico, como se quer neste tipo de eventos. 

 

O favorito Ogier (que não marcou presença) 


Ivo Vieira tem um nome em mente – e uma confissão na ponta da língua: “[Sébastien] Ogier”. É o piloto de que mais gosta a competir no Mundial de Ralis, aquele que gostaria de ver a percorrer as ruas da Foz do Douro. Infelizmente esse cenário já não é possível, o piloto desistiu da prova por problemas com o carro. Mesmo assim, não esmorece. A emoção, o entusiasmo, a expectativa. 


Ivo percorre o país há anos, acompanha as etapas sempre que consegue, “já percorri quilómetros de norte a sul”. No Porto, onde vive, a prova tem um carácter especial, “com um traçado interessante, um sítio porreiro e uma organização exemplar”.  



Com ele está Leonardo Silva, de 19 anos, um espectador que não é "particularmente fã", mas que alimenta um “pequeno gosto” por carros. Assume um fraquinho especial por clássicos de competição. “Mas não percebo muito”, revela. 


É a primeira vez que assiste a uma prova ao vivo, espera pela hora sem ansiedades, mas reconhece que ter uma competição como esta na cidade onde vive “é uma coisa muito boa”. “Espero que a façam mais vezes”, atira. 

 

Festa para toda a família 


A festa do Rally é, na realidade, muito mais do que ver os “carros a passar”. Há movimentações constantes a envolver o recinto, há animação cultural, música por toda a parte, confusões de última hora a serem resolvidas, câmaras de televisão em movimento contínuo e emissões especiais a serem transmitidas em direto nas redes sociais. 



Os primos Rui Almeida e Pedro Bastos aproveitaram o evento para uma viagem a quatro até ao Porto. Cada um acompanhado pela namorada, vieram de Vale de Cambra para assistir àquilo que antes só viram pela televisão. “Ali o meu primo [aponta para o lado, para Pedro] é que segue mais isto, eu nem tanto”, assume Rui. “Eu prefiro a Fórmula 1”. O primo é que segue “de vez em quando”. Hoje, quer “ver os carros, apenas”. 



No fundo é o mesmo que motiva João Carriço, que aguarda a chegada das provas ao lado dos dois filhos: Benedita, de 10 anos, e Vasco, de 13. “Quando era mais novo seguia o Rally no terreno, depois comecei a ver apenas na televisão”, destaca. Agora, (bem) acompanhado, confessa que este é um “bom programa de família”, para passar uma tarde diferente.  


“E tudo isto apesar do tempo”, diz, olhando para o céu, que continua com a ameaça bem presente. “Mas viemos bem equipados”. Olha para a pequena Benedita, que olha com atenção a conversa com uma capa impermeável amarela ao colo. “Trouxemos capas e um guarda-chuva”, acrescenta.  


Porque a paixão do Rally é imune a quase tudo. Mesmo à chuva, que ameaçou cair a qualquer momento nesta tarde de reencontros. 



Texto: José Reis 

Fotos: Guilherme Oliveira 

 

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