Se a estatística diz que o cinema mundial ainda é realizado, maioritariamente, por homens, o Queer Porto dá a volta à história e apresenta um cartaz quase em exclusivo feito por por mulheres.
E porque há números que ainda valem a pena reforçar, dos 40 filmes que já estão a ser apresentados no Batalha Centro de Cinema e outros locais da cidade, 68% deles são assinados por mulheres, 27% por homens e os restantes 5% por pessoas trans ou não binárias.
“O cinema que o festival propõe este ano procura denunciar e subverter um olhar machista e patriarcal, que tem dominado toda a nossa história e a própria criação artística, propondo antes um muito necessário olhar queer a temas que vão da precariedade à criação artística, da gentrificação à violência sexual sobre mulheres, das relações às drogas”. As palavras de João Ferreira, diretor do festival, ilustra bem um festival que se quer, cada vez mais. abrir à cidade. Não é cinema para alguns, é cinema para todos.
Das muitas propostas a serem apresentadas, a organização apresenta cinco sugestões a não perder:
Kenya, de Gisela Delgadillo
13 de outubro | 17h00 | Batalha Centro de Cinema - Sala 1
Após testemunhar o assassinato da sua amiga, Kenya, uma mulher trans trabalhadora do sexo, embarca numa jornada de luta e clamor por justiça que a levará a enfrentar o medo e a dor de se ver refletida naquele desfecho trágico.
The Hearing, de Lisa Gerig
12 de outubro | 18h00 | Reitoria da Universidade do Porto - Casa Comum
Quatro requerentes de asilo cujos pedidos foram rejeitados, revivem a audiência sobre as razões que os levaram a fugir dos seus países de origem e questionam a própria essência do processo de asilo.
Un prince, de Pierre Creton
14 de outubro | 19h15 | Batalha Centro de Cinema - Sala 1
Pierre-Joseph ingressa num centro de formação para se treinar como jardineiro. Lá conhece uma série de personagens - Françoise Brown, a diretora, Alberto, o professor de botânica, e Adrien, o seu patrão - que serão decisivos no seu aprendizado e no eclodir da sua sexualidade. Passados quarenta anos, surge Kutta, o filho adotivo de Françoise Brown, de quem ele tanto ouvira falar, mas nunca havia conhecido. Só que Kutta, que agora é o dono de um estranho castelo, parece estar à procura de algo mais do que apenas um jardineiro.
Vicente Ruiz - A Tiempo Real, de Matías Cardone, Julio Jorquera
12 de outubro | 21h30 | Batalha Centro de Cinema - Sala 1
Com recurso a raros materiais de arquivo, o filme acompanha Vicente Ruiz, um inquisidor performer que iniciou a sua carreira no Chile durante a ditadura de Pinochet. Uma exploração do que significa ter um papel social no mundo artístico, de um passado de censura a um presente onde a arte se tornou complacente e institucionalizada.
Beauty Becomes the Beast + Liberty’s Booty, de Vivienne Dick
12 de outubro | 19h30 | Batalha Centro de Cinema - Sala 2
Um universo aleatório mediado por imagens de televisão e estilhaços da cultura popular. O filme apresenta uma Lydia Lunch que regride da idade adulta para a infância, insinuando um passado de abusos sexuais, e trata da posição da mulher como sujeito e da maneira como as mulheres vivenciam a lei patriarcal e a ordem heterossexual.
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Uma pesquisa sobre a prostituição a partir de uma perspetiva feminina, sob uma economia tardo-capitalista. Também um documento e uma celebração de uma subcultura nova-iorquina de finais dos anos setenta. Com uma densa mistura de testemunhos reais, cinéma verité e diálogos encenados, este filme examina as relações de poder e a mercantilização do corpo.
Sugestões da equipa do Queer Porto 2023
Edição: José Reis