Durante as próximas duas semanas, vários espaços da cidade do Porto acolhem o 46º do FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica. De 10 a 21 de maio, a edição presta atenção ao trauma e à bravura através da apresentação de um conjunto de 14 espetáculos.
“Os ataques à democracia em diferentes partes do mundo — em particular nos países da América do Sul — o recente passado colonial em África ou ainda a guerra que atravessamos em território próximo do nosso, são algumas das questões que impulsionam os nossos artistas convidados a darem visibilidade, forma e significado a estas recorrentes experiências demarcadas pela violência”, refere Gonçalo Amorim, diretor artístico do festival.
“Como podemos então reestabelecer a bravura para confrontarmos todos estes traumas?” A resposta pode ser encontrada nestas cinco propostas deixadas pela direção artística do festival para as próximas duas semanas.
12 e 13 de maio
Teatro Nacional São João
A interpretação leva um grupo de pessoas com Síndrome de Down ao palco do Teatro Nacional São João. A peça da companhia peruana, uma estreia nacional, é construída entre o texto de Shakespeare e a vida dos atores, e tem como ponto de partida a pergunta que ele nos faz sobre a existência: “ser ou não ser?” Que valor e significado têm as pessoas com Síndrome de Down num mundo onde a eficiência, a capacidade de produção e modelos inatingíveis de consumo e beleza são o paradigma do ser humano?
19 e 20 de maio
Teatro Carlos Alberto
Neste espetáculo, o espanhol Mario Vega propõe-nos uma experiência imersiva de teatro documental, ao recontar a história de duas refugiadas e das suas famílias que são forçadas a fugir do seu país. O trabalho teatral baseia-se em testemunhos reais filmados no campo de refugiados de Moria sob a supervisão de Nicolás Castellano, um repórter que passou os últimos 20 anos a fazer reportagens sobre movimentos migratórios forçados e direitos humanos.
12 e 13 de maio
Teatro Campo Alegre
A coencenação de Joana Magalhães, Mafalda Lencastre e Maria Inês Marques é acolhida em estreia absoluta. Neste espetáculo, um grupo multidisciplinar de criativos (curadores, arquitetos, programadores, marketeers, entre outros) reúne-se para projetar um parque de diversões temático que permite experienciar a adrenalina do início de forma controlada, um simulacro do que poderia ser na vida real, caso tudo corresse bem. Um parque temático que deverá ser capaz de garantir que os desejos iniciáticos mais profundos dos visitantes possam vir a ser concretizados, ainda que por breves momentos.
“Una Isla”, de Agrupación Señor Serrano
18 e 19 de maio
Teatro Campo Alegre
Após a passagem pelo FITEI de 2018, os catalães Agrupación Señor Serrano trazem até ao Campo Alegre um projeto que reflete sobre a “bolha de ódio” construída através das redes virtuais, com o selo dramatúrgico e dispositivos cénicos que caracterizam a obra da companhia: tecnologia em palco, uso de vídeo em tempo real, manipulação de objetos e câmaras de vídeo, projeções e dispositivos de visualização através de uma dramaturgia multifacetada.
“Subterrâneo, Um Musical Obscuro”, de Má-Criação, Foguetes Maravilha e Dimenti
20 e 21 de maio
Teatro Rivoli
Esta é uma colaboração entre os portugueses Má-Criação e os brasileiros Foguetes Maravilha e Dimenti. O ponto de partida foram as notícias sobre os 33 homens presos num desabamento na Mina San José, no Chile, em 2010, gerando um espetáculo sensorial onde a ausência de luz ganha novos contornos e significados.
Edição: José Reis