09/06/2021

Apoiar o processo criativo de artistas e profissionais do setor — com um programa de cerca de 90 mil euros — e colmatar a escassez de espaços de trabalho e de ensaio são os objetivos deste lugar multidisciplinar que nasce na antiga Escola Básica José Gomes Ferreira, requalificada através de um investimento que rondou um milhão de euros. Abre portas nesta quarta-feira, 9 de junho, dia em que Paulo Cunha e Silva celebraria o seu 59.º aniversário.


O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, e o diretor Departamento de Artes Performativas da Ágora e Diretor Artístico do Teatro Municipal do Porto, Tiago Guedes, inauguraram esta quarta-feira, 9 de junho, o novo Campus Paulo Cunha e Silva, um centro de residências artísticas e espaço de trabalho para as artes performativas, no Porto.


Situado na Travessa dos Campos, no número 144, nas proximidades da Praça do Marquês de Pombal e da Rua do Bonjardim, o projeto pretende viabilizar o processo de criação como uma prática artística diária — remunerada e apoiada — e ser um lugar para artistas e profissionais do setor, onde a experimentação e o conceito de comunidade são determinantes na sua missão.

 

O Campus Paulo Cunha e Silva — em homenagem ao antigo vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto, uma das figuras mais relevantes da cultura em Portugal, e que faria nesta quarta-feira 59 anos — vai permitir, através do seu programa, apoiar financeiramente projetos artísticos em fase de pesquisa e criação, e criar condições para quem trabalha, preferencialmente a partir da cidade, com a possibilidade direta na reserva de estúdios, espaço para reuniões ou mesas de trabalho. Este novo centro de residências será um lugar de interação e intercâmbio, pesquisa, criação e ensaios, sempre com a missão de explorar e experimentar as disciplinas de dança, teatro, formas animadas, circo contemporâneo e qualquer formato híbrido que surja destes cruzamentos disciplinares. 

 

A partir do Porto, mas também com um posicionamento internacional, o Campus Paulo Cunha e Silva será dirigido pela equipa artística do Teatro Municipal do Porto (TMP), em estreita proximidade e diálogo com os profissionais do setor a nível local e procurando sempre dar resposta a novos formatos de apoio a práticas artísticas. Afirma-se ainda por ser um espaço paper free, sendo que toda a sua atividade, programação e comunicação, será gerida digitalmente a partir do site oficial: www.campuspcs.pt



Projeto artístico para a temporada 2021-2022

Em termos programáticos, e após um processo de auscultação da comunidade local, foi delineado um projeto para a primeira temporada (2021-2022), cujo orçamento é de cerca de 90 mil euros. Assenta essencialmente em dois programas de residências — artísticas e técnicas — e no lançamento da segunda edição do “Reclamar Tempo – Pesquisa e Investigação Artística”, programa criado pelo Teatro Municipal do Porto, em 2020, com o intuito de incentivar o trabalho de investigação de artistas em contexto de pandemia.


Relativamente ao programa de residências artísticas, serão reservadas 56 semanas para acolher criadores residentes em Portugal, com especial enfoque na região Norte, com diferentes objetivos e em fases distintas do processo de trabalho, como a pesquisa, as novas criações ou as remontagens de peças já existentes.


Quanto ao programa de residências técnicas, que poderá decorrer nos espaços do Teatro Campo Alegre, serão privilegiados trabalhos artísticos na sua fase final de criação e que necessitem de um período de experimentação ou montagem técnica.


Os projetos dos dois programas serão selecionados por open call e por um júri (renovado a cada edição), sendo apoiados com o valor semanal de 500 euros. O período de ocupação dos espaços de trabalho no CAMPUS poderá variar entre uma (mínimo) a oito semanas (máximo). 


Para a segunda edição do programa “Reclamar Tempo”, dirigido a profissionais que residem ou trabalham no concelho do Porto, nas áreas da dança, teatro, performance, circo contemporâneo, cruzamentos disciplinares, escrita e reflexão nas artes performativas, serão escolhidos oito projetos de artistas ou coletivos locais, sendo atribuído um valor total e individual de 3 mil euros para um período de aproximadamente seis meses. Os projetos terão, também, acesso a duas semanas de residência, em espaço partilhado, e mentoria de Catarina Saraiva e João Fiadeiro. Haverá ainda um momento público de partilha dos seus processos. O júri da próxima open call será constituído por dois artistas que participaram na edição anterior do projeto e um elemento da equipa do Teatro Municipal do Porto.


A chamada à submissão de novos projetos para os diferentes programas decorre entre os dias 9 de junho e 2 de julho, através do preenchimento de um formulário que se encontra disponível no site do Campus.  


 

Um espaço de trabalho sem curadoria e seleção

Há ainda dois eixos importantes que completam o projeto artístico. Um deles é a possibilidade de reserva imediata de espaço de trabalho, que corresponde a metade da utilização dos estúdios do CAMPUS. A marcação é gratuita e efetuada através da plataforma de reserva online. Não haverá curadoria nem seleção dos pedidos submetidos, sendo as reservas validadas mediante disponibilidade das instalações. Este eixo do programa destina-se apenas a criadores locais, que vivem e trabalham maioritariamente a partir da Área Metropolitana do Porto.


Entre setembro e dezembro de 2021, será também implementado um projeto piloto de aulas diárias, que se destina a profissionais de artes performativas e que tem como objetivo aprofundar metodologias e conhecimentos, promover sinergias, incluindo a criação de oportunidades de trabalho para formadores locais. Serão também convidados artistas locais a lecionar, bem como criadores de renome nacional e internacional, como coreógrafos, encenadores e intérpretes de companhias que estejam de passagem pela cidade — advindos da programação do Teatro Municipal do Porto.


 

O espaço do CAMPUS Paulo Cunha e Silva

A obra de reabilitação dos 900m2 da antiga escola básica José Gomes Ferreira, distribuída por dois pisos, resultou da transformação de seis salas de aula em quatro estúdios de trabalho, dispondo agora de uma área de receção, uma sala de produção, uma cozinha, uma sala de estar, dois quartos — que permitem alojar até quatro pessoas, no máximo —, uma lavandaria e um armazém técnico. Dispõe ainda de uma biblioteca de artes performativas, de acesso livre, que crescerá com o tempo e a utilização do espaço, e de zonas exteriores desafogadas, que envolvem o edifício com um jardim na frente do edifício e pátios nas traseiras, podem também ser utilizadas como áreas de trabalho ou de lazer.


Para além dos estúdios, as áreas exteriores, a oficina e a sala de estar do Campus podem também ser solicitados para reuniões, sessões de trabalho, consulta de livros, salvaguardando a privacidade dos artistas em residência.


O projeto de arquitetura é da autoria de Sofia Granjo Arquitetos e a identidade visual desenvolvida pela agência This is Pacifica. O investimento global desta obra foi de aproximadamente 989 mil euros. 


Nos próximos dias 12 e 13 de junho, todos os interessados em conhecer as instalações do Campus e em acompanhar a partilha pública dos processos de trabalho dos artistas da primeira edição do programa “Reclamar Tempo”, podem fazê-lo, nos horários disponíveis, através da aquisição de bilhete gratuito na Bilheteira Online. A lotação é limitada a 20 visitantes por hora.


SITE: www.campuspcs.pt 

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