Há três meses que, num estúdio na Rua do Zambeze, no Porto, está a ser filmada uma animação em que António Rosa Casaco, o inspetor da PIDE que chefiou a brigada que assassinou o General Humberto Delgado, encarna um “Casaco Rosa”.
Este universo de personagens sem rosto saídos de um guarda-roupa está a ganhar forma na sede da produtora Animais, pela mão de Mónica Santos.
Desta vez, recorrendo ao stop motion, à pixelação e à animação de marionetas, a realizadora portuense afasta-se da figura humana (até agora protagonista na sua obra), para fazer um musical político inspirado no imaginário infantil.
“O Casaco Rosa parece uma figura fofa, mas ao longo do filme, que se desenrola dentro de uma casa, vemos que ele vai sendo responsável por atos de fraude e perseguição… E vamos descobrindo quem realmente é este personagem”, explica a realizadora sobre esta nova curta-metragem.
Um personagem que “não é um Salazar, não é um Hitler”, mas cuja função é essencial à manutenção do poder dos ditadores: “São os que estão na segunda linha, mas que na verdade fazem as coisas acontecer.”
A acompanhar os movimentos e as ações deste “personagem dissimulado” num universo infantil, colorido e vibrante estará uma “espécie de música de intervenção”, composta por Pedro Marques e com letra de Regina Guimarães, que dará pistas sobre o obscuro subtexto do filme.
Para além de Mónica Santos (realização, argumento e edição), o projeto conta com a colaboração de Rita Sampaio (direção de animação), Manuel Pinto Barros e Pedro Negrão (direção de fotografia), Joana Nogueira, Patrícia Rodrigues, Matilde Camacho, Nurian Brandão e Daniel Fonseca (construção e animação), Milton Pacheco (edição) e Davide Freitas e Vanessa Ventura (produção).
O filme, coproduzido pela Animais e pela produtora francesa Vivement Lundi!, conta com o apoio do ICA e do canal franco-alemão Arte, e prevê-se que esteja terminado em fevereiro do próximo ano.
Fotografias @Animais Avpl