Ornatos Violeta, Linda Martini, Paus e Zen. Quatro bandas diferentes, com vários acordes em comum. Marcaram o ritmo do rock português e elevaram-no a outro nível. Estas grandes referências da música portuguesa dos anos 90 e 2000 compõem parte do cartaz da edição deste ano do JN North Festival, que decorre de 26 a 28 de maio, na Alfândega do Porto.
Porto, 1991
Nascem os Ornatos Violeta, banda portuense de rock alternativo, com influências dos estilos ska e jazz.
Considerados uma referência da música portuguesa no final dos anos 90, apenas lançam o seu primeiro álbum – “Cão!” – seis anos após a sua formação. Durante esses anos, participam em várias coletâneas e, em 1994, ganham o prémio de originalidade no 7.º Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vous.
Quatro anos mais tarde, no contexto da Expo 98, colaboram na coletânea “Tejo Beat” com Boss AC, Blasted Machanism, Zen e Flood. Em 1999, o grupo participou no álbum de tributo – “XX Anos XX Bandas” –, comemorativo dos 20 anos da banda de grande sucesso Xutos & Pontapés.
Depois de uma década de atividade, o grupo decide separar-se, celebrando a sua última reunião no dia do seu 10.º aniversário.
A música não pode parar...
… e mesmo depois da separação, o bater do coração destes artistas não deixou de ressoar na batida da música. Em 2002, Manel Cruz, integrante de Ornatos Violeta, foi cofundador, vocalista e guitarrista da banda Pluto, com Peixe, também integrante dos Ornatos, como guitarrista principal. Ainda nesse ano, Cruz funda mais um projeto, SuperNada, ao lado de outros grandes nomes da música portuguesa.
Em 2006, Nuno Prata, baixista do grupo, lança o seu primeiro álbum a solo, no qual participam, como convidados, os restantes elementos dos Ornatos Violeta. Dois anos depois, Manel Cruz lança um álbum duplo – seu primeiro trabalho a solo –, que inclui a participação de artistas como Pacman (Da Weasel), Bezegol, Gon (Zen) e ainda os seus companheiros Peixe, Elísio Donas, Kinorm e Nuno Prata.
A bateria não foi exceção e Kinorm esteve envolvido em vários projetos, ressaltando “Mata Tu”, “Patrón!”, “Plus Ultra” – em parceria com o Gon da banda Zen – e “O Bom, o Mau e o Azevedo”.
O regresso aos palcos
Assim como nada se perde, também a história deste grupo não acaba. Após uma década de inatividade, em 2012, a banda regressou às duas maiores cidades de país e ainda deu “um saltinho” às ilhas. A banda anunciou a realização de três concertos nos Coliseus do Porto, Lisboa e Micaelense em Ponta Delgada, nos Açores.
Em 2018, em celebração dos 20 anos do icónico álbum “O Monstro Precisa de Amigos”, dão vários concertos em alguns dos maiores festivais portugueses: NOS Alive, MEO Marés Vivas, Festival F, em Faro e Maré de Agosto, em Santa Maria, nos Açores. A esta lista juntam-se ainda dois concertos no Super Bock Arena, ambos esgotados, no Porto e um em Lisboa.
Dois anos depois, em 2020, participam nas celebrações do Ano Novo na capital.
A afinar os anos 2000
Com influências de post-rock e punk, é criada em 2003 Linda Martini, banda de rock português.
Na sua formação atual fazem parte três dos cinco membros fundadores: André Henriques, Cláudia Guerreiro e Hélio Morais.
Blitz that
Desde 2006, que a banda tem sido muito acarinhada por parte não só do publico, mas também da imprensa.
O grupo teve várias distinções na categoria “disco do ano” na revista Blitz, para além do constante “tempo de antena” em diferentes veículos de comunicação. No mesmo ano, “Amor Combate” foi considerado single do ano por Henrique Amaro, da Antena 3.
A visibilidade da banda continua a crescer e, em 2010, com a edição de “Casa Ocupada”, o grupo recebe variados elogios. Zé Pedro, dos Xutos e Pontapés, é outra personalidade que elogia o trabalho desta banda.
Não há uma sem duas (ou três, quatro…)
Em 2009, Hélio Morais, músico fundador de Linda Martini faz nascer – juntamente com outros grandes nomes da produção e da música portuguesa – os Paus.
Na sua formação está Makoto Yagyu, dos estúdios Black Sheep, que produziu músicas para várias bandas nacionais como Linda Martini, Vicious Five, Paus, e muitas mais. Junto com Yugyu, Fábio Jevelim foi também coprodutor nos estúdios Black Sheep e integrante de bandas como Blasfemea, Riding Pânico e Men Eater. Para além destes, também Joaquim Albergaria trazia “bagagem” dos Vicious Five.
A marcar o ritmo
Desde sempre que Paus – banda pop/rock que faz, até hoje, grande furor em Portugal – tem tido uma presença constante nos grandes festivais de verão. Da lista constam: NOS Alive, Paredes de Coura, Super Bock Super Rock, Vodafone Mexefest, Festival MED e NOS Primavera Sound.
A nível internacional destacamos o Primavera Sound (Barcelona) e o Primavera Sound Touring Party (Espanha). Em 2014, passaram por festivais internacionais como: SXSW (South by Southwest) em Austin no Texas, Festival NRMAL no México e o Europavox tour, em França.
De volta ao Porto, 1996
Nasce a banda portuense de rock alternativo, Zen. Surge de uma junção de Rui Silva e Miguel Barros, dos extintos No Creative Solution, André Hollanda e Jorge Coelho, ex-guitarrista de Cosmic City Blues.
Fins (d)e Inícios
Em 1999, a banda apresenta-se no Hard Club no Porto, concerto que seria editado em CD no ano seguinte. Após vários anos de sucesso, em 2009, o grupo anuncia o seu fim. Mas para a alegria dos fãs, em 2011, começam a surgir rumores de uma possível reunião da banda.
O seu regresso acontece com dois concertos, um no Hard Club no, Porto, e outro no Cinema Teatro de Corroios no Seixal.
Considerada pelos leitores da Blitz, “U.N.L.O” é, até hoje, uma das seis músicas favoritos dos anos 90.
Começa, no dia 26 de maio, uma viagem às raízes do que foi (e do que é) o rock português. O JN North Festival acolhe quatro bandas que irão mostrar as suas melhores melodias.
Para saber mais sobre (e não perder) toda a programação, pode aceder em: https://www.northmusicfestival.com/.
Texto: Catarina Andrade
Fotos: DR