08/04/2021

Depois do cancelamento em 2020, o programa da edição de 2021 vai decorrer ao longo de 10 dias, entre 20 a 30 de abril, com um total de 22 espetáculos e um projeto expositivo, 16 em estreia absoluta ou nacional. Das 11 coproduções, seis são de artistas que trabalham a partir da região. 


A edição do DDD – Festival Dias da Dança de 2021 resulta de uma resiliência tenaz: depois do cancelamento no ano passado, a emergência em levar de novo a dinâmica da dança aos palcos do festival tornou-se ainda mais imperativa. Assim, entre os dias 20 e 30 de abril, o DDD – No Palco / Em Casa regressa no formato online e também nas principais salas de espetáculos de Porto, Gaia, Matosinhos e, pela primeira vez, Viana do Castelo. Esta quinta edição conta com o mecenato do BPI e da Fundação “la Caixa”. 


O programa arranca a 20 de abril, com a estreia absoluta de Bate-Fado, da dupla de artistas portugueses Jonas & Lander, agendada para as 19h00, no Grande Auditório do Teatro Rivoli (e online, de 23 a 25 de abril). No mesmo dia, às 22h00, Room with a View será o primeiro espetáculo a ser transmitido na sala virtual do DDD e uma das estreias nacionais deste ano. A peça, uma criação do coletivo francês (LA) Horde e de DJ Rone com o Ballet National de Marseille, será exibida online, gratuitamente, no website e na página de Facebook do festival. No dia 24 de abril, será também transmitida em antena aberta, às 22h10, na RTP2.  


O enceramento, no dia 30 de abril, será feito também com duas estreias: a apresentação ao vivo de SIRI, de Jorge Jácome e Marco da Silva Ferreira, às 19h00, no Teatro Campo Alegre (e online, a partir das 22h00), e a exibição online (no Facebook e no website do festival), às 21h30, de North Korea Dance, da coreógrafa sul-coreana Eun-Me Ahn, que “regressa” ao festival depois de em 2017 ter apresentado o espetáculo Dancing Grandmothers no Rivoli.



Criação nacional em destaque com artistas de diferentes gerações


Relativamente ao panorama nacional, o programa — que pode ser acompanhado em formato digital e presencial — assenta na ideia da partilha das criações de várias gerações de coreógrafos portugueses. De um lado, nomes como Victor Hugo Pontes, João Fiadeiro e Carolina Campos, São Castro e António M Cabrita, Sara Anjo e Teresa Silva, Miguel Pereira (com a exibição do documentário Era um peito só cheio de promessas) e Cláudia Dias (com Idoia Zabaleta) apresentam as suas criações mais recentes. Do outro, artistas como Catarina Miranda, Ana Isabel Castro (Jovem Artista Associada do Teatro Municipal do Porto), Luísa Saraiva e Renan Martins dão a conhecer quatro de seis obras em estreia absoluta nesta edição.


Quanto à programação para o espaço público, uma parceria criada em 2016 entre o festival e o Balleteatro, será convertida este ano numa versão digiral de CORPO + CIDADE. No total, serão exibidas online seis peças que foram filmadas em diferentes cidades, de artistas como Joana Castro, Ricardo Pereira Carvalho, Isabel Barros com Cláudia Marisa, Max Oliveira e Pedro Carvalho, e ainda as duplas Ana Renata Polónia & Marta Ramos, Andreia Fraga & João Oliveira e Sara Marasso & Stefano Risso.



Dia Mundial da Dança assinalado com dois espetáculos ao vivo


O DDD assinala o Dia Mundial da Dança, a 29 de abril, com vários espetáculos que também podem ser vistos quer de forma presencial, quer na sala virtual do festival. Mas, neste data, o foco incidirá naturalmente nas duas criações que sobem mesmo ao palco: a estreia absoluta de Viaduto, às 19h00, no Auditório Municipal de Gaia, um projeto do coreógrafo e performer brasileiro, a residir no Porto, Renan Martins, com música de Frankão (online: 29 e 30 de abril), e a apresentação de Os Três Irmãos, de Victor Hugo Pontes, que nasce da colaboração entre o coreógrafo e o escritor Gonçalo M. Tavares, à mesma hora, no Teatro Municipal Sá de Miranda, em Viana do Castelo. A mais recente criação do coreógrafo vimaranense pode, também, ser vista no Teatro Rivoli, no dia 26 de abril, e online, de 26 a 28 de abril. 



Criações internacionais no DDD digital

Tendo em conta os constrangimentos provocados pela pandemia, o programa internacional desta edição do DDD viverá maioritariamente online. Além das propostas acima referidas para os dias de abertura e de encerramento, serão apresentados dois espetáculos: (B)reaching Stillness (de 21 a 23 de abril), da coreógrafa helvética Lea Moro, e de L’affadissement du merveilleux (de 22 a 24 de abril), da canadiana Catherine Gaudet.


A única exceção é o espetáculo Please Please Please (22 e 23 de abril), que se estreia no palco do Teatro Carlos Alberto, no Porto. A peça — que resulta da colaboração entre as coreógrafas Mathilde Monnier, La Ribot e o encenador português Tiago Rodrigues — é uma mensagem para as futuras gerações sobre “o que fizemos e não fizemos para preservar este mundo”.



Exposições: entre o quadro histórico da dança e os vídeo-retratos atuais


O mote expositivo da mostra PARA UMA TIMELINE A HAVER genealogias da dança enquanto prática artística em Portugal (V edição), que Ana Bigotte Vieira, Carlos Manuel Oliveira, João dos Santos Martins e Marco Balesteros desenham, é a tradução de um desafio que levou os autores numa viagem cronológica sobre “a genealogia da dança enquanto prática artística em Portugal”, no período centrado entre os séculos XX e XXI. A exposição está patente de 22 abril, às 19h00, e pode ser vista até 11 de julho, no Museu de Serralves.


Por seu turno, Catarina Miranda propõe POROMECHANICS, instalação de vídeo que consiste numa coleção de vídeo-retratos de diferentes artistas, apresentados como oráculos. Pode ser vista de 20 a 30 de abril, gratuitamente, a partir do site do festival. POROMECHANICS é um projeto expositivo virtual criado em relação com a estreia no DDD da sua peça de dança CABRAQIMERA, que decorre a 28 de abril, no Rivoli, e online de 28 a 30 de abril.  



Conversas, residências artísticas e masterclasses online 


Partindo do desafio de estruturar um conjunto de conversas tendo por base a pertinência das temáticas abordadas nos trabalhos desenvolvidos pelos artistas nacionais programados, a edição deste ano do DDD propõe, nos dias 24 e 25 de abril, um ciclo de conversas online intitulado Dança Iminente. Serão quatro debates que contam com o contributo de artistas, moderadores e instigadores de outras áreas do conhecimento para uma discussão mais ampla sobre questões que as obras suscitam sobre a atualidade. O eixo das conversas parte, para o efeito, de quatro binómios: Oráculos & Transcendência, Inteligência Artificial & Sensorial, Produtividade & Procrastinação e Hot Bodies & Clubbing.


No âmbito das residências artísticas, um dos pressupostos nucleares para a criação contemporânea, o festival contará com a participação de três coreógrafos-intérpretes: Flávio Rodrigues, Raul Maia e Thiago Granato, que, deste modo, estarão em trabalho de pesquisa, investigação e experimentação. Estas residências podem ser acompanhadas à medida que os artistas vão partilhando os respetivos progressos diários, com recurso a vídeos, textos e sons que estarão disponíveis no site do festival.


Ainda como complemento aos espetáculos, a edição deste ano promove três masterclasses online: a primeira, a 21 de abril, realiza-se no âmbito da apresentação do espetáculo Room with a view, de (LA) Horde, uma sessão conduzida por Elena Valls Garcia, bailarina do Ballet National de Marseille, que permitirá compreender a dança enquanto vetor de coesão e de mobilização coletiva; a segunda, no dia 25 de abril, com a coreógrafa francesa Mathilde Monnier, que irá partilhar com os participantes as ferramentas de trabalho e os processos de construção dramatúrgica desenvolvidos durante a conceção do espetáculo Please Please Please, cocriado com Tiago Rodrigues e a coreógrafa hispano-suíça La Ribot; e a última, a 26 de abril, uma sessão do ciclo “Histórias da Dança”, orientada pelo programador e curador Delfim Sardo, sobre a obra do coreógrafo João Fiadeiro. 



Uma visão Doc. e Festas Online onde os corpos também se agitam


O site do DDD foi transformado e musculado para servir de janela e plataforma de divulgação dos artistas programados nesta edição. Para tirar o máximo partido do digital, a organização propôs a criação de uma parceria com a RTP, tendo em vista a legendagem em inglês dos episódios integrados na série Portugal Que Dança. Assim poderão ser vistos pelo público do festival e, em particular, por programadores internacionais, que têm agora uma oportunidade para descobrir os espetáculos em estreia, mas também o percurso dos coreógrafos e intérpretes nacionais.


E se os corpos estão em movimento ao longo de toda a programação, também faz sentido que os mesmos se agitem, em casa, mesmo que por sugestão e contacto digital. Assim, a 5.ª edição do DDD propõe duas festas online: uma de abertura e outra de encerramento, onde a música ficará a cargo de Nídia (20 de abril) e do ColetivoXXIII (30 de abril).


Os preços dos bilhetes variam entre os 3,50 euros (espetáculos online) e os 9 euros (espetáculos presenciais). Há ainda o Passe DDD que inclui 50% de desconto sobre o preço total dos espetáculos presenciais, na compra de no mínimo seis espetáculos (presenciais ou online, sendo que os segundos não beneficiam de desconto). Os passes estão à venda exclusivamente na Bilheteira Central do Teatro Municipal do Porto a partir de 19 de abril. 

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