É reforçando a mensagem de que "é na capacidade de despertar a imaginação e criar algo que não existia antes que a arte e a dança são mais fortes" que as cidades do Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos se voltam a transformar num gigante palco para que se viva os Dias da Dança (DDD). Festival traz novas narrativas e cooperações em 27 espetáculos – 19 em estreia absoluta ou nacional –, espalhados por 18 palcos, entre os dias 23 de abril e 4 de maio.
Nas palavras do diretor artístico do Teatro Municipal do Porto, e programador do DDD, o festival "não utiliza um quadro temático". Em vez disso, explica Drew Klein, "os temas começam a surgir através dos artistas em que confiamos e com quem construímos".
Nesta 9.ª edição, dançar-se-ão "a colaboração, a brincadeira, o humor negro e a subversão como formas de navegar num mundo cheio de conflitos", em apresentações nas quais os artistas "jogam com figuras e práticas históricas e propõem novas narrativas".
Atribuindo "especial ênfase" ao "número significativo de cooperações nas criações de artistas nacionais", o diretor do Teatro Municipal considera que esta realidade comprova "o crescimento crucial do DDD como a principal plataforma para a dança no país, tornando-se um lugar onde o mundo vem para encontrar, precisamente, o que está a ser criado em Portugal".
A par destas, Drew Klein dá destaque a "colaborações internacionais de criadores consagrados e emergentes, bem como espetáculos de destaque, que consideramos necessários para o nosso público".
Falando em colaborações, também o presidente da Câmara refere a que junta os três municípios da Frente Atlântica na missão de levar a dança a várias salas e espaços públicos. "Na área da cultura, este é o evento mais importante que organizamos em conjunto", acredita Rui Moreira.
O autarca recorda como "a dança era uma coisa pouco explorada na cidade", antes de o Dias da Dança se ter transformado "num ícone, conhecido a nível europeu".
Para Rui Moreira, a aposta nas coproduções "é muito importante para o ecossistema português", que, considera, "está muito vivo", ajudando a "projetar os nossos artistas nos festivais internacionais".
Apresentada a programação para este ano, o presidente da Câmara adiantou que a próxima edição do DDD também já está garantida. "Se não começássemos agora a programá-lo, quem chegasse não o podia ter", refere.
Pela Câmara de Gaia, a vereadora da Cultura define o DDD como "um projeto consolidado e de sucesso". "É mais uma afirmação do que somos capazes de fazer, nesta Frente Atlântica, na área da cultura e das artes", considera Paula Carvalhal, reforçando a necessidade de "não se desinvestir nesta área".
Também o vereador da autarquia de Matosinhos sublinhou a "afirmação cada vez mais sustentada deste festival", referindo-se ao DDD como "um dos grandes da Europa e isso deve encher-nos de orgulho". Definindo-o como "uma marca desta região", Fernando Rocha lembrou como, ao longo das edições, "a população continua a aderir e isso é a afirmação da maturidade e da qualidade" do DDD, "um festival cada vez mais influente".
27 espetáculos, 19 estreias, 18 palcos
Vamos à dança. A abertura do DDD acontece, então, a 23 de abril, com a estreia nacional de "Os Gigantes", de Victor Hugo Pontes & Dançando com a Diferença. No palco do Rivoli, trabalha-se "a ideia de que tudo o que acontece é inacabado, o que se vê em cena pode ser só um sonho".
No mesmo dia, há, ainda, no Palácio do Bolhão, mais uma estreia nacional, desta vez de "Fugaces", de Aina Alegre / Centre chorégraphique national de Grenoble & STUDIO FICTIF, que traz ao Porto a dança flamenca.
No dia seguinte, Fábio (Krayze) Januário dança "Musseque", na mala voadora.
A 25 de abril, Be Dias apresenta "uma performance autobiográfica sobre a sua lesbiandade em contínua transformação" em "RE.SET a metaphor formy queer emancipation", na CRL – Central Elétrica, e o Teatro do Campo Alegre recebe, no café, "Durarei por Paz e Nunca por Mal", de Mélanie Ferreira & Daniel Matos, e, no auditório, "violetas", de Vânia Doutel Vaz.
De volta ao CRL – Central Elétrica, a 26 de abril Jo Casto apresenta "LABIA", enquanto a Sala Estúdio do Campo Alegre recebe a estreia do espetáculo de Ana Rita Xavier & Daniel Conant, "BEAUTIFUL" e no Rivoli estreia "C.C. crematística e Contraforça", de Vera Mantero & Cúmplices.
Pelo Porto, a dança continua a 29 de abril, no Auditório do Campo Alegre, com a estreia nacional de "Friends of Forsythe", onde William Forsythe & Rauf "Rubberlegz" Yasit, Matt Luck, Julia Weiss, Brigel Gjoka & JA Collective exploram as raízes da dança folclórica, do hip hop e do balé.
Ainda nesse dia, o Café Teatro é palco da nova criação de Cristian Duarte em companhia, "e nunca as minhas mãos estão vazias".
Na semana seguinte, o DDD propõe, a 2 de maio, "Bananada: OPERANTÍPODA (parte I)", de Marcelo Evelin, no Palácio do Bolhão, e, no dia 3, no Campo Alegre, a estreia nacional de "Magic Maids", onde Eisa Jocson & Venuri dançam a exploração do corpo feminino colonizado.
A dança chega, também, a Serralves, com o espetáculo "Æffective Choreography", de André Uerba, a 3 de maio. No mesmo dia, Ídio Chichaval / Converge+ apresenta, no Campo Alegre, em estreia nacional, "Vagabundus", feito de músicas moçambicanas, gospel e motivos barrocos.
A fechar o festival, mais uma estreia, desta vez pelas mãos do coletivo KOR’SAI, com "Mont Ventoux" a subir ao palco do Rivoli.
Destaque, ainda, para as festas no TMP Café: no dia 26 de abril, com "Solte a sua fera", pelo Coletivo Afrontosas, e no encerramento do DDD, a 3 de maio, ambas de entrada livre.
Espaços públicos de dança, workshops e conversas
Fora destes espaços, e em colaboração com o balleteatro, o festival oferece o Corpo+Cidade, levando a dança a espaços públicos: o Mercado do Bolhão, o Parque da Pasteleira, o Bairro de São Victor e o Parque das Águas.
Como é habitual, os artistas que participam no DDD farão workshops para profissionais e estudantes de artes performativas no CAMPUS Paulo Cunha e Silva. A oferta destes dias de dança inclui, ainda, conversas com profissionais locais e, para os programadores, o DDD Próximo para a partilha do trabalho e a criação de sinergias.
A programação completa, detalhes sobre cada espetáculo e atividade e informação relativa a bilhetes estão disponíveis na página do Dias da Dança.
Texto: Porto.
Fotos: Andreia Merca