02/02/2023

A festa na renovada sala faz-se durante duas semanas, de 5 a 16 de fevereiro. Do programa faz parte um conjunto de 12 antestreias nacionais de filmes que vão marcar o primeiro semestre do ano, para além de programas dedicados a realizadores e sessões especiais. Há ficção, drama, retrospetivas, há vida humana no grande ecrã – que é um bom resumo do que foram estes primeiros seis anos do “novo” Trindade, na Rua do Almada.  

 

São muitos aqueles que ainda guardam recordações do antigo Trindade, dos filmes que viram e não esqueceram, do conforto das cadeiras, do cheiro característico desta sala de cinema. Mas talvez sejam mais os que se lembram das experiências recentes do novo Trindade, das sensações que passam, da simpatia do acolhimento, do silêncio para a fruição plena de um visionamento em grande ecrã. 


Celebrar o cinema na cidade é celebrar mais um aniversário do Cinema Trindade, um dos corações culturais do Porto, um ponto de encontro de cinéfilos, curiosos, agentes e realizadores, onde todos falam a mesma língua.  



Com sessões diárias, o Trindade retomou, nos últimos anos, a importância crescente da oferta de cinema de autor na Baixa, a que, recentemente, se juntou o Batalha Centro de Cinema, somando agora um leque diversificado de títulos em grande ecrã. No final, ganha o setor e ganha a cidade.  


Para celebrar mais um aniversário, o espaço convida os espectadores um verdadeiro “rodízio de filmes” que dura duas semanas, com antestreias, cinema nacional, produção local, realizadores em foco e sessões especiais

 

Antestreias em destaque 


Entre os “convidados de luxo” o destaque vai para a antestreia de uma das maiores surpresas dos próximos meses – e das que suscita maiores expetativas. Embalado pela nomeação aos Óscares deste ano na categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”, “EO”, assinado pelo realizador Jerzy Skolimowski, abre o aniversário numa sessão única, no domingo, 5 de fevereiro, às 21h30.  



Vencedor do Prémio do Júri na edição do ano passado do Festival de Cannes, este trabalho transporta o espectador a ver a realidade pelos olhos de um burro, de nome EO. Uma metáfora sobre o mundo como um lugar misterioso, onde nada acontece por acaso e tudo decorre sem estarmos realmente à espera.  


Na segunda-feira, 6 de fevereiro, outra antestreia deve figurar nas nossas intenções para a semana que se inicia: “Tori e Lokita” marca o regresso dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, e aborda o drama de dois refugiados na viagem entre África e a Bélgica.  



Nota ainda para um mergulho no universo de Marguerite Duras feito pela realizadora francesa Claire Simon, em “Quero Falar Sobre Marguerite Duras” (dia 8, às 19h00); para o filme “Saint Omer”, de Alice Diop, vencedor do Grande Prémio do Júri no Festival de Veneza 2022, uma adaptação livre e contemporânea do mito de Medeia (dia 12, às 16h15); e “Pacifiction”, regresso aguardado de Albert Serra que se debruça sobre possíveis testes nucleares franceses na ilha de Taiti (dia 16, às 21h00). 

 

Realizadoras em foco 


Do cartaz do aniversário, o cinema nacional – e local – tem uma voz bastante presente, com a apresentação de cinco filmes onde o Porto - ou o cinema feito a partir da cidade - é o elemento com maior presença.  



Destaque ainda para o foco dado a duas realizadoras: Cláudia Varejão, com a exibição de três filmes que permitem perceber os contornos de um cinema onde a sensibilidade é a linha condutora da história (com “Ama-San”, “Amor Fati” e “Lobo e Cão”); e Lucrecia Martel, num ciclo que resgata e apresenta os três primeiros filmes da realizadora em cópias restauradas (“O Pântano”, “A Rapariga Santa” e “A Mulher Sem Cabeça”). 


Há ainda um programa dedicado à produção brasileira, com sete filmes, e uma sessão especial a fechar o aniversário, com a exibição de um clássico de Jane Campion: “Um Anjo à Minha Mesa” (1990) e será apresentado a 15 de fevereiro, às 21h30. 


Os detalhes de toda a programação, assim como a respetiva aquisição de bilhetes, estão disponíveis em www.cinematrindade.pt

 

Texto: José Reis

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