Arranca nesta quarta-feira, 16 de novembro, a 9ª edição do festival de cinema documental da cidade, com um conjunto de filmes cuja seleção resulta de uma reflexão consciente de que o cinema continua a ser um território de interação profunda com a sociedade. Na cidade do Porto, e durante 11 dias, o mundo todo deambula pelos cinemas da baixa. Palavra a Dario Oliveira, diretor do festival, para uma (pequena) seleção do (muito) que há para ver neste festival.

Um festival a olhar consistentemente para todos, que gravita também no feminino. Nesta lista destacamos dez olhares autorais, politicamente empenhados, fortes em convicções e únicos na sua linguagem, com propostas oriundas do documentário e da ficção. Uma escolha difícil entre tantos outros nomes presentes no programa desta edição e que tiveram de ficar de fora nesta lista de 10.
Começar por destacar dois prémios Nobel da Literatura, Elfriede Jelinek, figura central no filme “Elfriede Jelinek - Language Unleashed” de Claudia Müller, e Annie Ernaux, filmada na primeira pessoa em “Les années super-8”, um filme onde a própria compila filmes caseiros da sua família.
Num olhar sobre a cultura popular nortenha rural o documentário “Máscaras”, de Noémia Delgado e, fora de portas, um documento sobre a violência policial instituída nos EUA em “Riotsville, USA”, de Sierra Petengill, uma das realizadoras em foco este ano.
No plano da Competição Cinema Falado (focada em filmes produzidos em países lusófonos), nota especial para as visões (a partir de dentro) sobre o passado colonial e contemporâneo de África registado em “Mangrove School”, de Filipa César e Sónia Vaz Borges, “Maputo, Nakuzandza”, de Ariadine Zampaulo, e “Margot”, de Catarina Alves Costa.
No quadro da Competição Internacional, o universo familiar visto de dentro após a perda de uma mãe em “Daughters”, de Jennifer Malmqvist, e o imaginário duma família inteira no tempo duma vida em “Los Caballos Mueren Al Amanecer”, de Ione Atenea.
Fechar com inevitável nota a outras das autoras em foco na edição deste ano, Márta Mészáros, destacando “Diary for My Loves”, obra sobre a resistência política e pessoal duma mulher à conquista do seu lugar numa sociedade opressiva.
Dario Oliveira
Diretor do Porto/Post/Doc
Onze filmes a não perder:

“Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song”, Daniel Geller, Dayna Goldfine
16 Nov · Coliseu Porto Ageas · 21h30
25 Nov · Passos Manuel · 22h00

“Elfriede Jelinek - Language Unleashed”, Claudia Müller
17 Nov · Cinema Trindade · 15h00
21 Nov · Cinema Trindade · 18h30

“Les années Super-8”, Annie Ernaux
19 Nov · Cinema Trindade · 21h45

“Maputo, Nakuzandza”, Ariadine Zampaulo
17 Nov · Passos Manuel · 16h00
23 Nov · Passos Manuel · 14h30

“Máscaras”, Noémia Delgado
19 Nov · Cinema Trindade · 18h30

“Mangrove School”, Filipa César, Sónia Vaz Borges
17 Nov · Passos Manuel · 19h30
22 Nov · Cinema Trindade · 17h00

“Diary For My Loves”, Márta Mészáros
17 Nov · Cinema Trindade · 18h30

“Los Caballos Mueren Al Amanecer”, Ione Atenea
20 Nov · Cinema Trindade · 16h30

“Daughters”, Jenifer Malmqvist
18 Nov · Cinema Trindade · 17h00
21 Nov · Passos Manuel · 17h30

“Margot”, Catarina Alves Costa
19 Nov · Passos Manuel · 16h00
23 Nov · Passos Manuel · 16h00

“Riotsville, USA”, Sierra Petengill
22 Nov · Cinema Trindade · 21h45
Edição: José Reis